Estado do Rio – Um levantamento detalhado da participação feminina nas Câmaras de Vereadores dos municípios fluminenses foi apresentado, na última sexta-feira (23), no Seminário Participação Política das Mulheres, evento promovido pela Secretaria de Estado da Mulher (SEM-RJ) e pelo Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDIM-RJ), na Casa de Cultura Laura Alvim, a Casa G20, em Ipanema.
“A participação política das mulheres no Rio de Janeiro é uma das mais baixas no cenário nacional. No último pleito municipal, o estado do Rio de Janeiro teve 603 candidaturas femininas e apenas 11,4% das mulheres foram eleitas. Precisamos reverter esse quadro, pois quanto maior for o número de mulheres eleitas, mais políticas para mulheres serão formuladas e implementadas”, alertou a secretária de Estado da Mulher e presidente do CEDIM-RJ, Heloisa Aguiar.
O seminário reuniu gestoras, conselheiras, pesquisadoras, servidoras públicas e mulheres na política para um debate que buscou debater estratégias para fortalecer a presença das mulheres no cenário político fluminense, um fator primordial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Foram discutidos temas como financiamento e fontes de recursos para campanhas de mulheres; o olhar político para redes sociais e mídias digitais; e o atual cenário da participação política das mulheres no estado do Rio de Janeiro. Durante o evento foi lançado o e-book “Mulheres na Vereança e Mulheres no Poder Legislativo Municipal do Estado do Rio de Janeiro Século XXI (2000-2020)”, com a coordenação de Angela Fontes e Hildete Pereira de Melo.
O cenário político
Foram registradas no último pleito municipal de 2020, 33% de candidaturas femininas, e menos da metade foram eleitas (16%). Quando se trata de reeleição, o número é ainda menor: somente 12% conseguem obter um novo mandato, segundo dados do TRE. Mulheres negras são 6% do total de vereadores e estão em 4% das prefeituras do país, o menor grupo nesse cargo. Além disso, 53% das cidades brasileiras não têm nenhuma mulher negra na Câmara Municipal. O Tribunal também levantou que, no Rio de Janeiro, nas eleições municipais, apenas 11,4% das mulheres foram eleitas.
Se o ritmo do aumento do número de mulheres prefeitas verificado entre 2016 e 2020 for mantido, a expectativa é de que o Brasil leve 144 anos para alcançar a igualdade de gênero.
Para a desembargadora do Tribunal Regional Eleitoral Kátia Junqueira, ressaltou a importância do engajamento da sociedade nesse tema:
“Nós, mulheres, correspondemos a 52% da população brasileira e também 52% de eleitoras no Brasil. No entanto, as casas legislativas não correspondem a esse percentual. No Senado são 12%, na Câmara dos Deputados cerca de 16%. Daí a importância de as mulheres se unirem, da sociedade de forma geral, da sociedade civil, de instituições, como Secretaria da Mulher e CEDIM, estarem juntos nessa luta pela maior participação feminina. Só assim vamos ter mais representantes nas casas legislativas e, com isso, uma política pública mais específica para as necessidades das mulheres”, concluiu.