Sindicalistas discordam sobre impacto da reforma trabalhista

by Diário do Vale

Volta Redonda – Os presidentes do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Volta Redonda e região, Sebastião Paulo de Assis, e do Sindicato da Indústria da Construção Civil e do Mobiliário do Sul Fluminense (Sinduscon-SF), que representa as empresas do setor, Mauro Campos, falaram sobre o impacto da reforma trabalhista, recentemente sancionada pelo presidente da República, Michel Temer (PMDB). Sebastião é contra as reformas, enquanto Mauro Campos é favorável. As principais mudanças na reforma trabalhista estão no infográfico que acompanha esta reportagem.

Em Volta Redonda, o setor da Construção Civil registra saldo positivo de 50 empregos nos primeiros seis meses do ano, acumulando 457 admissões a mais do que demissões nos últimos doze meses. A retomada das obras do Park Sul Shopping, prevista para a próxima semana, deve ajudar a aumentar a oferta de empregos no setor.

Contra a reforma

Sebastião Paulo de Assis afirmou que a proposta é um retrocesso de direitos como 13º salário, férias, adicional noturno, licenças, salário mínimo, entre outros, que deixam de ser blindados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e podem ser negociados nos acordos coletivos entre as empresas e os trabalhadores.

– Trabalhadores, coagidos pelos empregadores num país onde o desemprego e o trabalho informal só aumentam, passam a ficar a mercê de qualquer negociação. Muitos trabalhadores ainda desconhecem o que está por trás das mudanças e os estragos econômico e social que causarão no país. Estamos a ponto de presenciar a exploração e a desvalorização de mão de obra, o esgotamento físico e mental do trabalhador que corre o risco de ser coagido a trabalhar o triplo de horas semanais – comenta Sebastião Paulo.

Na opinião do presidente do sindicato, ainda existe a crise política que atinge diretamente os trabalhadores. Um exemplo claro disso foi a condenação do ex-presidente Lula, que aconteceu paralelo a aprovação da reforma trabalhista no Senado.

– Desviaram a atenção da população para a condenação do Lula, enquanto a reforma trabalhista foi aprovada. Criaram esse fato para que o povo não volte à atenção para a retirada de direitos e vá às ruas protestar contra essa e as outras reformas do governo.  Temos questionado muito o fato do Tribunal Regional Federal da 4ª Região inocentar réus cujos processos têm provas e acusar réus através de delações sem provas. Mas dessa vez houve uma condenação, pois havia o interesse de desviar a atenção da população para aprovação da reforma trabalhista – questiona.

A favor da reforma

Já Mauro Campos afirma que a reforma trabalhista vem corrigir vários equívocos que vêm ocorrendo durante anos na relação trabalho-capital, que, na opinião dele, gera, a título de proteger o trabalhador, distorções como o fato de um trabalhador da construção civil que recebe R$ 1 mil por mês de salário custar R$ 2,5 mil por mês à empresa.

— Aliás, depois do desconto para a Previdência Social, esse trabalhador recebe, líquido, cerca de R$ 920 e custa R$ 2,5 mil ao empregador – calcula.

Mauro lembrou também que o fato de o empregado poder receber agora prêmios por produtividade vai permitir que algumas distorções sejam corrigidas.

— O empregador vai poder remunerar melhor o bom profissional, de forma que ele se sinta recompensado pelo seu esforço, ao mesmo tempo em que quem não é tão bom poderá se sentir incentivado a melhorar seu desempenho. Até a reforma, o empregador era obrigado a remunerar da mesma forma o bom e o mau empregado — afirmou, acrescentando: “A CLT, aprovada em 1941, impedia isso”.

Para o empresário, com a reforma o Brasil ganha ao se tornar mais competitivo, o bom trabalhador ganha porque a empresa não terá mais de “nivelar por baixo” o tratamento a seus empregados, e as empresas ganharão porque poderão atrair a melhor mão de obra.

Falando sobre o setor da construção civil, Mauro afirmou que a reforma vai possibilitar que tanto o sindicato patronal quanto o dos empregados terão mais liberdade para lutar por melhorias no setor, e acrescentou que, com o fim da contribuição sindical obrigatória, as entidades representativas de empresas e empregados terão de dar retorno a seus associados na forma de serviços para se manterem.

Ministro da Indústria e Comércio afirma que reforma aumenta confiança de investidores

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, disse que a aprovação da reforma trabalhista, é um passo importante para construção de um ambiente de confiança de investidores nacionais e internacionais. “Não obstante essa questão da crise política, os investidores estão vendo com muito bons olhos”, disse. Segundo ele, há uma aposta na economia brasileira e a nova legislação ajuda a dar mais segurança jurídica. “A maior reclamação, entrave ao desenvolvimento do país, chama-se burocracia”.

Ministro do Trabalho diz que direitos foram mantidos

O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, defendeu hoje (18), em entrevista à Voz do Brasil, a manutenção das garantias dos direitos dos trabalhadores com a reforma trabalhista. A medida foi sancionada pelo presidente Michel Temer na semana passada.

“A modernização das legislação trabalhista preserva todos os direitos dos trabalhadores. Os direitos que os trabalhadores usufruem até agora estão assegurados. O que nós estamos permitindo, através dos acordos coletivos de trabalho, é a possibilidade do trabalhador escolher a forma mais vantajosa para usufruir dos seus direitos. A legislação não vai tirar direitos do trabalhador”, disse Ronaldo Nogueira.

O projeto aprovado pelo Senado altera mais de 100 pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), permitindo que o acordado entre patrões e empregados prevalça sobre o previsto em lei. Durante a entrevista, o ministro ressaltou que a legislação trabalhista era da década de 40 e, segundo ele, não acompanhou a evolução do mercado e das profissões. “A partir da década de 70 surgiram outras atividades profissionais e essas atividades que surgiram a partir de então precisam também serem contempladas através de um contrato de trabalho”, explica.

Para Nogueira, a reforma trabalhista promoverá segurança jurídica para o mercado de trabalho e vai estimular a criação de empregos. “Quando um empregador fica seguro de que ele não será surpreendido no futuro com outro entendimento legal, o empregador vai contratar mais. A modernização vai possibilitar, através de novos modelos de contratos de trabalho, a criação de mais de 2 milhões de postos de trabalho para os próximos dois anos”, disse.

reforma

 

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20 comments

Insatisfeito 1 de agosto de 2017, 10:04h - 10:04

Mal do povo é achar sempre que quem tem que ganhar é somente o trabalhador, tem que haver consenso, leis que amparem as duas partes, pois o empresário gera o emprego, para que o empregado produza….quanto mais o empregador perder, menos empregos teremos..
Mas o povo só pensa no seu umbigo e não enxerga isso.
Essa reforma trabalhista e a reforma previdenciária são necessárias.

Anastásio 31 de julho de 2017, 12:50h - 12:50

O que eu sei é que o dia da viúva, aquele no qual você tinha o desconto obrigatório de um dia de trabalho no mês, é em março/18. Que os sindicatos se preparem pois a reforma trabalhista é clara, ou seja, só contribui quem autorizar por expresso (escrito) sua empresa descontar. Ou seja, muita raça de gente vai tirar o seu nome. Por baixo, 70% dos empregados vão deixar de contribuir. Disso não tenho dúvidas. É aí que os sindicatos se ferram. A central deles, que é quem recebe as contribuições sindicais para depois repassar parte a seus sindicatos, vai ver que a quantidade caiu absurdamente e vai passar o rodo nessa cambada de vagabundos que fica enchendo o saco na porta das empresas de dia e que a tarde vão pra buteko encher a cara. Como pessoas assim vão representar um pobre trabalhador? Alguns dos quais exalam álcool nas reuniões com empresários. Se abrir a sala da reunião e jogar palito de fosforo aceso explode. Fora que esses podrões adoram quando empresário paga almoço. Não satisfeitos com isso, eles vivem a espreita perguntando quando vai rolar um 0800 pago em churrascarias. Empresário que não é bobo mima os caras e, quando chega na negociação, esses defensores dos trabalhadores abrem as pernas bonitinho. Tem diretor do sindicato que anda com carro da Nissan. Mas também andam com carro da Volks e Land Roover. Até a contribuição sindical ser obrigatória, ser um sindicalista só não era melhor que ganhar na loteria, mas agora quero ver a fonte deles secando

Paulo Elias 31 de julho de 2017, 11:29h - 11:29

Não houve perda NENHUMA de direitos. Houveram flexibilizações, só! E foram poucas, ainda assim continuamos tendo uma das leis trabalhistas mais arcaicas entre os países mais desenvolvidos.

Os acordos coletivos sempre ocorreram, mas apenas em grandes empresas, indústrias, onde há todo um aparato que permite isso. Agora, já o pequeno empregador, não podia fazer nada, tinha que seguir à risca a CLT, e isso inviabiliza um monte de tipo de negócios onde o lucro é curto e a operação cara. E os grandes empresários contam com as benesses estatais como desonerações, incentivos fiscais e mais uma série de coisas que um mero mortal empreendedor não tem, e é o que o governo anterior fez, nunca os banqueiros lucraram tanto, elegeram “heróis” nacionais (Eike, JBS, Odebrecht, etc) para ficarem bilionários às custas dos pobres e classe média.

Vamos pensar, hoje o empregado custa 103% a mais além do salário, ou seja, um empregado de salário mínimo custa ao empregador 1.900,00 reais. Se somado uniformes, custos com treinamento e demais gastos pertinentes aquele funcionário, isso pode chegar a 2.500,00 reais! Para compensar, o empregado precisa produzir pelo menos 3.000,00 reais ao empresário para valer a pena.

Agora me digam, aonde que um jovem chegando ao mercado de trabalho vai conseguir que seu empregador desembolse 2.500,00 reais para contratá-lo, sendo que essa quantia é maior que o próprio PIB per capta do Brasil?

Alice 31 de julho de 2017, 09:35h - 09:35

Leiam a íntegra da Reforma Trabalhista e tirem suas próprias conclusões. O problema do brasileiro é viver de facebook e whatsApp, leitura mesmo NADA! João Santana e Mônica Moura agradecem.

www12.senado.leg.br/noticias/arquivos/2017/07/13/veja-a-integra-do-projeto-que-foi-aprovado

REALIDADE 30 de julho de 2017, 19:19h - 19:19

Cade a galera do sindicato do Aceio e Conservação de volta redonda que representa a galera da LIMPEZA INDUSTRIAL DA CSN , FICAM SÓ ESCONDIDO COMO NINJA E SÓ LEVANDO AS CONTRIBUIÇÕES FÁCIL FÁCIL DOS TRABALHADORES .
VAMOS TRABALHAR UM POUCO OS TRABALHADORES ESTÃO APRENDENDO A VER TUDO ISSO.

Max 30 de julho de 2017, 16:45h - 16:45

Tanta gente analfabeta…ia comentar mas nem vou… depois de constatar tanta idiotice…

O povo não leu a lei… Não leu a matéria e vem nos comentários falar de olhos fechados… Parabéns aos excelentes analfabetos funcionais… Demonstram a cada dia mais o significado deste termo.

Operário-padrão 30 de julho de 2017, 19:36h - 19:36

Não liga não, patrão. Trabalhador é bicho ingrato mesmo, fica dando papo pra sindicato e nem lê a lei e sai reclamando. Eu li a lei do nosso presidente Temer e vi que vai ter muitos benefícios para os trabalhadores. Sei que o sr. vai gerar muitos empregos com a nova lei e poderemos negociar nossos direitos com os patrões, direto, sem sindicato atrapalhando.

Jorge U. Campos 30 de julho de 2017, 16:18h - 16:18

Eles vão reclamar agora e lá adiante, pois estavam acostumados a ganhar dinheiro com o suor de quem trabalha e produz, pois recebiam de mão beijada o imposto sindical, que era cobrado e assim apareceu uma enorme criação de sindicatos que nada faziam e agora são obrigados a mostrar a que vieram ou fechem as portas. Pois o trabalhador está cansado de tanto pelego e vendedores de greve.

Rocinante 30 de julho de 2017, 17:06h - 17:06

Ah, proletário, vc está cansado? Então agora pode comemorar. Com o fim da contribuição sindical, vc vai ficar descansado, trabalhando 12h por dia, terceirizado, negociando 13o e férias remuneradas com o patrão gente boa, sem o sindicato para atrapalhar. Com a “reforma” previdenciária então… vai contribuir 5 décadas descansadamente para tentar se aposentar antes de morrer…

Mineiro 30 de julho de 2017, 15:18h - 15:18

Incrível mas o Sindicato ainda é um mal necessário. Infelizmente a maioria deles serve apenas para “proteger ” companheiros. De cada 100 Sindicalistas, apenas UM tem a intenção de trabalhar em prol do trabalhador. Os outros 99 querem apenas ESTABILIDADE e coçar o saco, sem poder ser demitido. DÓI mas é a pura verdade.

الفتح - الوغد 30 de julho de 2017, 19:55h - 19:55

Que se mude a regulamentação dos sindicatos, impeça sua proliferação com desmembramentos desnecessários, discipline a concessão de cartas sindicais… Pra quê ter um sindicato dos rodoviários em Barra Mansa e outro em VR, se eles sempre seguem a pauta da capital? Pra quê um sindicato dos comerciários em cada cidade, enfraquecendo a representatividade pela fragmentação (dividir para conquistar)?… Pra quê um sindicato dos metalúrgicos fraquíssimo em Barra do Piraí, sendo que se fosse base territorial do sindicato de VR certamente teriam muito mais força para evitar o que aconteceu com a BR Metals e seus ex-empregados?…

Isso é que tem que acabar, não simplesmente inviabilizar a existência dos sindicatos. Categorias compostas por pessoas humildes, sem qualquer conhecimento formal, serão presas fáceis numa mesa cheia de “tubarões”… Isso me lembra muito os episódios de Família Dinossauro…

Rodolfo Dias 30 de julho de 2017, 13:52h - 13:52

Ah, sério mesmo? Quer dizer então, como revela de maneira surpreendente a matéria, sindicatos de trabalhadores e patrões divergem quanto às “reformas” do velho golpista? Meu Zeus!

Presidenta Aposentada 30 de julho de 2017, 11:36h - 11:36

Patrão também têm sindicatos e lógico que estes sempre aprovarão reformas que tiram do trabalhador e dão aos patrões. Benjamin foi o artífice dessas reformas a partir da FIESP. Todos os sindicatos patronais aplaudem. Portanto reportagem sem nexo e improdutiva.

Melo Rego 30 de julho de 2017, 10:08h - 10:08

Que reportagem mais exdrúxula, claro que o empresário vai elogiar a reforma pois apenas beneficia o patronato, que se dane os empregados assim pensa esse governo impostor e os patrões

الفتح - الوغد 30 de julho de 2017, 10:07h - 10:07

Direito de férias, FGTS, aviso prévio, verbas rescisórias em caso de demissão, continua tudo lá! Não porque eles querem, mas sim porque a Constituição não permite alterações nessas cláusulas… A diferença agora é que, se o cara quiser, por exemplo, gozar três períodos de férias, em vez de no máximo dois, poderá fazê-lo, desde que de comum acordo. Muitas gente prefere assim, para conciliar mais finais de semana e feriados com o parcelamento… Se quiser sair mais cedo do trabalho cumprindo um horário menor de almoço, também pode, desde que combinado com a chefia. Hoje, o sujeito leva quinze minutos para comer e perde 45 de seu dia fazendo nada!… Sem amarras, sem burocracias. Isso se chama FLEXIBILIZAÇÃO! Empregado que gosta de usar o “jeitinho”, fazer corpo mole, passar atestado médico direto, esse sim vai se lascar. Condição para afastamento, em alguns casos, só mediante apresentação de laudo…

Lamentável nessa reforma só mesmo a “amputação” dos sindicatos, que vai deixar as categorias de trabalhadores menos instruídos vulnerável nas negociações. O sindicato, na atual conjuntura sócio-econômica brasileira, é um mal necessário…

الفتح - الوغد 30 de julho de 2017, 10:04h - 10:04

Nem o sindicato patronal nem o dos trabalhadores demonstram conhecer o teor das reformas e, pior, suas consequências na prática, politizando algo que é eminentemente de caráter administrativo… A reforma não está gerando e nem gerará mais empregos ou vice-versa, ela apenas está flexibilizando a relação de trabalho! Esse saldo positivo de empregos citado na matéria não tem qualquer relação com a reforma…

Povo ridículo 30 de julho de 2017, 10:04h - 10:04

Sindicatos estão apavorados, por que com a reforma, com certeza a fonte de renda e riquezas vai secar. A reforma foi sim muito boa, quem descorda é bitolado, manipuladora pela esquerda e sindicatos que só enriquecem.

Rodolfo Dias 30 de julho de 2017, 11:35h - 11:35

Ridículo é suíno na fila do abatedouro aplaudindo o aumento do ritmo do abate para enriquecer mais o dono do abatedouro.

OLHO VIVO 29 de julho de 2017, 20:44h - 20:44

A REFORMA SÓ INTERESSA AOS PATRÕES. QUEM DEFENDE REFORMA ESTÁ DO LADO DELES E NÃO REPRESENTA A CLASSE TRABALHADORA BRASILEIRA. É DIFÍCIL ENTENDER PORQUE ALGUNS SINDICATOS QUE DEVERIAM DEFENDER OS TRABALHADORES, DEFENDEM OS EMPRESÁRIOS.

Rocinante 30 de julho de 2017, 09:34h - 09:34

Se vc ler a matéria, talvez entenda que os sindicatos que defendem “reforma” e “defendem empresários” são os sindicatos das indústrias.

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