
Desafio: Enfrentando o peso da idade e da justiça
Os americanos adoram histórias envolvendo julgamentos e tribunais. Afinal eles vivem processando uns aos outros por qualquer motivo. Na terra do Tio Sam os grandes julgamentos são exibidos ao vivo pela televisão. Na década de 1990, quando trabalhei em uma agência de notícias americana, a tv ficava sempre ligada no julgamento do O.J.Simpson. Um astro do futebol americano acusado de matar sua própria esposa. Dentro da literatura americana existem autores especializados em romances passados em tribunais. Todos com um amplo conhecimento dos meandros da justiça. Um dos pioneiros nesta área é o escritor Scott Turow, cujo livro mais recente, “O último julgamento” esta saindo com o selo da editora Record.
O herói da história é Sandy Stern, um brilhante advogado de defesa que esta com 85 anos de idade, problemas de saúde (comuns nessa idade) e prestes a se aposentar. O sossego do idoso personagem é interrompido quando seu amigo, o doutor Kiril Pafko, prêmio Nobel de medicina, é acusado de fraude, homicídio e uso de informações privilegiadas. E assim Stern resolve adiar a aposentadoria e encarar um último julgamento.
Mas a medida em que o julgamento avança, Stern começa a questionar tudo o que sabe sobre Kiril. Talvez seu amigo não seja inocente das acusações. E para complicar as coisas, Stern só conseguiu chegar aos 85 anos graças as pesquisas de Kiril sobre longevidade e gerontologia. Ele não estaria vivo sem a medicina de Kiril. O livro é bem atual ao abordar temas como o processo de aprovação de um novo medicamento para a população, os problemas da idade avançada e a importância de uma vida.
Turow é autor de dez romances de sucesso, e de um livro de não ficção, “O primeiro ano, como se faz um advogado”, sobre suas experiências pessoais como estudante de direito. “O último julgamento” tem uma capa muito interessante, com a silhueta do advogado idoso subindo as escadas do tribunal com a ajuda de uma bengala. A tradução ficou a cargo de Ângelo Lessa e o preço da edição em papel fica em torno dos 60 reais.
Jorge Luiz Calife