Em 1914, no início do século 20, o fotógrafo Frank Hurley juntou-se a expedição de sir Ernst Shackleton que pretendia cruzar o continente Antártico a pé. Uma empreitada difícil e muito ousada. A expedição embarcou no navio Endurance que seguiu viagem até alcançar as geleiras do extremo sul. Foi aí que a coisa toda começou a dar errado. O navio ficou preso na banquisa de gelo e não conseguiu mais se mover. Shackleton liderou seus homens numa jornada incrível a temperaturas congelantes enquanto o fotógrafo da expedição registrava tudo com imagens espetaculares.
O navio acabou sendo esmagado pela pressão do gelo e afundou, deixando Shackleton e seus homens sem meios de retornar para casa. Enfrentando temperaturas congelantes o explorador usou os botes salva-vidas do navio para levar a equipe de 28 homens até a ilha Elefante, que era desabitada. De lá Shackleton e quatro companheiros atravessaram 1300 quilômetros de oceano e icebergs até chegarem na ilha Georgia do Sul. De onde o explorador conseguiu montar uma expedição de resgate para os homens deixados na ilha Elefante. Todos foram resgatados com vida.
Uma segunda equipe não teve tanta sorte. Eles montaram uma base do outro lado da Antártida, no mar de Ross. O navio deles, o Aurora, foi levado pelo vendaval e não conseguiu voltar para resgata-los. E três homens morreram. Oficialmente a expedição Shackleton ficou conhecida como Expedição Trans-Antártica Imperial. E é considerada a última expedição da chamada era heroica da exploração da Antártida. Depois surgiram os aviões e os navios quebra-gelos e tudo ficou mais fácil.
O livro Endurance, de Caroline Alexander conta toda a história dessa aventura, com as magníficas fotos de Frank Hurley. O livro já teve uma edição anterior no Brasil, mas agora ganhou uma nova, pela Companhia das Letras. O livro é importante nesses tempos de loucura mundial, em que a grande aventura da descoberta do mundo e do universo é questionada pela seita absurda dos adeptos do terraplanismo.
Jorge Luiz Calife