Usuários de crack intimidam moradores de Barra Mansa

Barra Mansa – Um problema que há anos incomoda os moradores do bairro Boa Sorte: a presença diária de usuários de crack pelas ruas do bairro agora se agravou por conta da aglomeração de um grupo em um terreno baldio localizado na Rua Jair de Almeida, ao lado da Igreja Universal. Conforme relatam moradores, que denunciaram as condições do local, através das redes sociais, o terreno é usado por usuários de outras drogas, mas principalmente pelos dependentes do crack. Eles afirmam que estão se sentido intimidados e amedrontados com a presença dos usuários.

O problema dos usuários de crack atinge também outras áreas: os bairros Ano Bom, Boa Sorte, Piteiras, São Luís e Nova Esperança. No Ano Bom os usuários ficam nas imediações da Ponte dos Arcos e usam a droga sem qualquer constrangimento.

Uma moradora da Boa Sorte, que preferiu não se identificar, por razões de segurança, disse que até pouco tempo muitas dessas pessoas ficavam vagando pelas ruas do bairro, até que encontrarem no terreno uma forma de não serem incomodadas enquanto fazem uso da droga.

– Se o terreno não estivesse aberto, eles não ficaram aglomerados aqui, mas agora eles acharam um lugar para se esconder e a situação saiu do controle. Sabemos que o problema do crack está em todo lugar, mas na Boa Sorte está incontrolável. Vivemos uma situação terrível em que o dia inteiro passam por nós usuários de um lado para o outro – disse a moradora.

Além da questão da segurança, segundo ela, o fato de os usuários acumularem lixo e entulhos no terreno também trouxe outro problema aos moradores: a infestação de animais peçonhentos como ratos e baratas. Na foto publicada junto a denúncia, é possível ver que local, sob uma espécie de galpão, tem um sofá velho e uma grande quantidade de entulho.

“Se não bastasse o medo de que essas pessoas nos façam algum mal, o estado em que elas deixaram o terreno está contribuindo com a presença de muitos ratos, que acabam entrando nas nossas casas”, contou a moradora, ao ressaltar que, mesmo após a denúncia, o proprietário do terreno não tomou providência com relação ao local.

Outra moradora, que também não quis se identificar, contou que muitos dos usuários antes vagavam dia e noite pela Rua Leonísio Sócrates Batista, onde tem muitas construções abandonadas e que serviam de esconderijo para fazerem uso de drogas. Segundo ela, muitos eram conhecidos na comunidade e isso contribuía para que as pessoas não tivessem tanto receio. Agora, com o terreno, ela conta que é constante a presença de pessoas de outros locais, o que deixa os moradores preocupados.

– Muitos desses viciados são daqui do bairro e, por nos conhecerem, nunca no fizeram mal. Mas agora, por causa do terreno, estão vindo pessoas estranhas, de outros locais, e não sabemos o que elas são capazes de fazer com a gente, ou até mesmo com uma de nossas crianças. Agora eles ficam em grupos de mais de dez pessoas fazendo uso da droga e muitas das vezes acabam até brigando – comentou a moradora.

Em nota enviada pela assessoria de comunicação, a prefeitura informou que a Fiscalização de Obras enviará um fiscal ao local para levantar e apurar os fatos. Caso não ocorra o fechamento do terreno, o proprietário será intimado a construir imediatamente o muro para evitar as invasões. Questionada sobre que tipo de assistência é oferecido aos dependentes químicos do município, a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos informou que se coloca à disposição para atender os usuários dentro da demanda da Assistência Social como inscrição no CadÚnico e outros benefícios de acordo com a necessidade.

A assessoria do 28° Batalhão da Polícia Militar disse, na semana passada, antes da troca do comando na unidade policial, que o caso está sendo apurado e que e que as medidas necessárias estão sendo tomadas.

Pelas ruas: Usuários se concentram também na Ponte dos Arcos, que liga o Centro de Barra Mansa ao bairro Ano Bom (Foto: Felipe de Souza)

Os efeitos devastadores da droga

De acordo com dados da Fundação para um Mundo sem Drogas, o  crack causa um “barato” intenso de curta duração que é imediatamente seguido pelo oposto — uma depressão, paranoia e uma fissura por mais droga. As pessoas que a usam não comem nem dormem adequadamente. Elas podem experimentar taquicardia, espasmos musculares e convulsões. A droga pode fazer as pessoas sentirem-se paranoicas1, zangadas, hostis e ansiosas — mesmo quando não estão sob o efeito do barato.

Independentemente da quantidade ou da frequência que a droga é usada, o crack aumenta a probabilidade de o usuário vir a experimentar um ataque cardíaco, derrame cerebral, ataque epiléptico ou insuficiência respiratória, qualquer uma destas coisas pode resultar em morte súbita.

Fumar crack apresenta uma série de riscos à saúde. O crack é muitas vezes misturado com outras substâncias que criam gases quando é queimado. Como a fumaça do crack não permanece forte por muito tempo, os canudos de crack são geralmente muito pequenos. Isto frequentemente causa rachaduras e bolhas nos lábios, causadas porque os usuários pressionam os lábios num canudo muito quente.

Quais são os efeitos do crack a longo prazo?

Além dos riscos comuns associados ao uso da cocaína, os usuários de crack podem sofrer de problemas respiratórios severos, incluindo tosse, dificuldades na respiração, danos e sangramento pulmonares.

Os efeitos do uso do crack a longo prazo incluem danos graves ao coração, fígado e rins. Os usuários ficam mais propensos a ter doenças infecciosas.

O uso diário contínuo causa insônia e perda de apetite, o que faz a pessoa ficar malnutrida. Fumar crack também pode causar um comportamento agressivo e paranoico.

Como o crack interfere com a forma como o cérebro processa os elementos químicos no corpo, uma pessoa precisa de mais e mais da droga para se sentir apenas “normal”. Os dependentes de crack (como ocorre com dependentes de outras drogas) perdem o interesse em outras áreas da vida.

Os perigos: Fumar crack apresenta uma série de riscos à saúde, segundo especialistas (Foto: Divulgação)