Sul Fluminense – Discutir a violência contra a mulher é reconhecer que ela não se restringe apenas à agressão física ou ameaças de morte. Muitas vezes, ela se manifesta de formas sutis, o que torna ainda mais perigoso seu avanço. A violência é um processo progressivo, onde o agressor testa limites. Começa com humilhações, proibições, e evolui para gritos, ameaças, até chegar à agressão física e, em casos extremos, ao feminicídio. Esse comportamento agressivo é socialmente construído e reforçado ao longo do tempo. Combater a violência desde suas manifestações iniciais é fundamental para evitar que ela escale.
A importância de denunciar
Para impedir a progressão da violência, é necessário denunciar. Vivemos em uma sociedade que, muitas vezes, desconsidera formas mais sutis de agressão, como o controle psicológico ou moral. Denunciar essas agressões é um passo essencial para interromper o ciclo de violência. Por exemplo, quando um homem faz comentários de conotação sexual indesejada e isso não é denunciado, permite-se que esse comportamento continue e evolua.
Em centenas de palestras, Sulamita Fonseca, terapeuta de análise corporal e especialista no acolhimento a vítimas de agressão, sempre reforça: “Quem não denuncia, contribui para a perpetuação do crime.” Quando os agressores se deparam com a impunidade, se tornam mais ousados em suas ações. A denúncia é crucial para evitar que comportamentos abusivos evoluam para crimes mais graves, como estupro e feminicídio.
Violência dentro de casa
Na intimidade dos lares, muitas mulheres enfrentam a violência de forma ainda mais intensa. Um relacionamento abusivo, marcado por proibições sobre onde ir ou com quem se relacionar, é um sinal de alerta. Quando um agressor testa os limites de sua parceira e não encontra consequências, ele se torna mais perigoso, tanto no presente quanto em futuros relacionamentos.
Para prevenir esse ciclo, é necessário reconhecer os sinais de violência, não permitindo que qualquer forma de agressão persista.
Tipificações da violência contra a mulher
Abaixo estão os diferentes tipos de violência enfrentados pelas mulheres, muitas vezes sem perceberem que essas ações são crimes:
Violência física: Envolve qualquer ato que cause dor ou lesão, como bater, empurrar, ou usar armas.
Violência psicológica: Inclui ameaças, manipulação, humilhação, controle excessivo ou isolamento, causando danos emocionais.
Violência moral: Ataques à dignidade e honra da mulher, como difamação e insultos que afetam sua autoestima e reputação.
Violência sexual: Qualquer ato sexual não consensual, como estupro, coerção sexual e abuso.
Violência patrimonial: Destruição ou controle dos bens materiais da mulher, como retenção de documentos e controle financeiro.
Violência institucional: Violência ocorrida dentro das instituições, como falta de acolhimento adequado pelas autoridades ou discriminação em políticas públicas.
O caminho para um futuro seguro
Ao reconhecermos e denunciarmos todas as formas de violência, criamos um ambiente mais justo e seguro para todas as mulheres. Não podemos permitir que essas formas de agressão cresçam e se normalizem. Quanto mais falarmos sobre o tema e expusermos esses comportamentos, mais eficaz será o combate à violência contra a mulher.
Sulamita Fonseca acredita que o entendimento e a ação são os pilares para construir uma sociedade onde nenhuma mulher precise viver com medo. E esse processo começa com a conscientização de que violência vai muito além de agressões físicas, e que todas as formas de abuso precisam ser combatidas.
Sulamita Fonseca é terapeuta de análise corporal, especialista em acolhimento a mulheres vítimas de agressão e criadora do curso de gestão emocional, resgate dos fragmentos de vida