Público jovem reclama dos gastos para tirar habilitação

Barra Mansa – O sonho de muitos jovens, ao completarem 18 anos, é passar pelo processo para retirada da primeira habilitação. Em tempos de dificuldades financeiras, muitos estão adiando o sonho de aprender a dirigir e os principais fatores que vem contribuindo para isso é o desemprego e a prioridade em investir nos estudos. Conforme destaca o proprietário de uma autoescola, que funciona há 41 anos, em Barra Mansa, João Carlos Gama Ribeiro, nos últimos três anos a queda no número de processos de habilitação para o público jovem sofreu uma queda de até 40%. Segundo, nessa faixa etária, geralmente, quem arca com os custos da habilitação são os pais, no entanto, muitos estão sem condições, devido aos fatores econômicos.

– O interesse e a procura dos jovens caiu muito, nos últimos anos. Muitos adiam a habilitação porque sabem que não vão conseguir emprego de motorista, outros porque os pais não têm dinheiro e alguns porque preferem a faculdade do que aprender a dirigir. Essa é uma situação que prejudica as autoescolas na minha, por exemplo, eu posso garantir que o reflexo foi muito negativo. Prova disso é que depois de 40 anos no mercado eu estou fechando as portas no final desse mês. Não tem condições de manter aluguel, entre outras despesas, sem ter alunos suficientes – lamentou Ribeiro.

Um levantamento da empresa de pesquisas Ipsos, com base nos dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), revela que a emissão da carteira de motorista para condutores de 18 a 21 anos caiu 20,61% em três anos. Foram 939 mil habilitações em 2017 para essa faixa etária contra pouco menos de 1,2 milhão em 2014. Números da Associação Nacional de Detrans indicam que os brasileiros tiram a primeira habilitação só aos 25 anos, sete anos depois da autorização legal Na pesquisa, umas das causas que retarda a retirada da habilitação pelo público jovem é o alto custo de uma habilitação, que em média é de R$ 1,5 mil.

O gerente de outra autoescola de Barra Mansa, Felipe de Oliveira, também afirma que a queda na procura pela habilitação é uma realidade no centro de condutores onde trabalha Segundo ele, não só os jovens, mas pessoas de todas as idades estão sendo obrigadas a adiarem o processo de primeira habilitação por conta da falta de condições financeiras. Ele ressalta que, no início do ano o preço da carteira de habilitação era R$ 1,550, que autoescola abaixou para R$ 1,350 e, ainda assim, o desconto não refletiu no aumento pela procura.

-Antes tínhamos de 30 a 35 novas habilitações, principalmente com alunos jovens que acabaram de atingir a maior idade, mas hoje esse número varia de 13 a 17, por mês. Os jovens têm o interesse em tirar a habilitação, o que muitos não têm são condições financeiras, principalmente se eles não têm um emprego. Abaixamos o valor, porque entendemos que é preciso ceder, para ter capital de giro, em meio a crise, mas nem isso adiantou – disse.

O instrutor Carlos Eduardo Lacerda dá aulas particulares para condutores já habilitados e também sentiu a queda do público jovem entre seus alunos. Segundo ele, essa situação começou em 2016, se mantendo durante todo esse ano. Conforme compara o instrutor, hoje são poucos os jovens com idades entre 18 e 21 anos que buscam por aulas extras de direção, com intuito de perder o medo de dirigir.

– Eu trabalho com pessoas que já possuem a habilitação, no entanto, que têm medo de dirigir. Antes eu tinha um número grande de jovens entre os alunos, porque assim que passavam na prova eles ficavam ansiosos para encarar o trânsito e, por isso, faziam aulas de treinamento. Nos últimos anos houve uma queda muito grande e, para se ter uma base, somente dois, a cada dez alunos que atendo, têm menos de 21 anos – disse o instrutor.

Programa ‘CNH Social’
atende pessoas carentes

Uma opção para o público jovem, que não tem condições de arcar com as despesas da primeira habilitação é o Programa CNH Social, que concede toda a formação, matrícula e taxas, de forma que o aluno não precisa pagar nada do próprio bolso. A inscrição no CNH Social é feita pela internet e exige alguns requisitos de quem deseja ser beneficiado pelo programa.

Entre esses requisitos estão inclui que o candidato precisa residir no estado do Rio de Janeiro; ter renda familiar bruta de no mínimo dois salários mínimos; estar desempregado a mais de um ano e ser beneficiário da bolsa. Família. Também podem concorrer candidatos que nunca tiveram experiência formal junto ao mercado de trabalho, alunos matriculados na rede pública com bom desempenho escolar, empregados que recebem até dois salários mínimos, agricultores rurais (segurado especial) que recebe receita bruta familiar de até dois salários mínimos e pessoas que sejam portadores de deficiência.

Ao ser selecionado o candidato terá todos os benefícios e obrigações de um condutor comum. Ser um condutor exige responsabilidade, atenção e acima de tudo saber respeitar as leis estabelecidas pelo código de trânsito. Se cometer infrações poderá perder sua permissão para dirigir e ainda poderá responder penalmente. O candidato a CNH Social (Gratuita) passará por todas as etapas exigidas pela lei, fará exames médicos, aulas práticas e teóricas, passará por avaliações para assim poder provar que está apto a ser um condutor. Não entram na seleção pessoas que já estão com serviço de habilitação aberto no Detran, que tenham cometido crimes na condução de veículo ou que tiveram a CNH ou a Permissão para Dirigir cassada ou suspensa.