O Universo segundo o James Webb

by Diário do Vale

A agência espacial americana Nasa divulgou esta semana as primeiras imagens do Universo feitas pelo seu novo telescópio de 9 bilhões de dólares, o James Webb. Ainda se trata de uma imagem de teste, em preto e branco, com cores falsas indicando a graduação de luminosidade na faixa do infravermelho. Com os laranjas indicando os objetos mais brilhantes e os vermelhos os mais pálidos. Ela foi feita pelo sensor de direcionamento do telescópio. A primeira imagem em cores será divulgada na próxima terça-feira, em transmissão ao vivo pela internet no dia 12.

Apesar de ser uma imagem de calibração, feita por um sensor secundário, ela já revela a grandiosidade do Universo em que vivemos. Os objetos em forma de estrelas, com centros pretos na imagem, são estrelas da nossa galáxia, que ficam a “apenas” alguns milhares de anos-luz de distancia. (Um ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros). Os pontos pretos no centro das estrelas são provocados por um ajuste dos sensores, devido a alta luminosidade desses astros. Ao fundo vemos o espaço infinito, repleto de galáxias. As galáxias distantes são aquelas manchas ovais enevoadas no fundo da imagem. Cada uma delas contem milhões de estrelas e bilhões de planetas.

As galáxias parecem pequenas na imagem porque se encontram a bilhões de anos-luz. O que significa que a luz levou todo esse tempo para viajar de lá, até atingir o espelho do telescópio. O James Webb não esta observando apenas as profundezas do espaço, mas também do tempo. Estamos vendo o Universo como ele era há bilhões de anos, antes da vida surgir no nosso minúsculo planeta.

Imagens como essa mostram a insignificância da humanidade diante de um Universo inimaginavelmente grande. Elas esmagam o ego dos seres humanos, e é por isso que muitos rejeitam esse conhecimento. São pessoas que preferem negar a realidade e se apegar a imagem do velho cosmos medieval. Com a Terra plana coberta por uma cúpula de cristal e guardada por deuses que moram no céu. O Universo não está nem aí para essa gente.

Infelizmente muitos líderes mundiais ainda vivem na Idade Média, fazendo guerras e derramando sangue para se tornarem senhores de um pedacinho de um grão de pó. Como bem lembrou o astrônomo Carl Sagan em seu livro “Pálido ponto azul”.

Como disse Sagan “Pense nas crueldades infinitas cometidas pelos habitantes de um pequeno canto deste grão de pó contra os habitantes de algum outro canto sem seus frequentes conflitos, em sua ânsia de destruição recíproca, em seus ódios ardentes. Pense nos rios de sangue derramados por todos os generais e imperadores, para que, na glória do triunfo, pudessem ser os senhores momentâneos de uma fração deste grão de pó”. Não é possível ler este texto de Sagan sem pensar na “Grande Alemanha” do Adolf Hitler ou na “Grande Rússia” do Vladimir Putin.

Talvez os seres humanos fossem mais felizes se não virassem as costas para o céu. E não ignorassem a imensidão do Universo lá em cima. Um universo que torna medíocres todos os sonhos de grandeza de reis e ditadores. Semana que vem, na coluna Ciência teremos a primeira foto colorida feita pelo supertelescópio.

 

Fantástico: Galáxias e estrelas muito distantes na imagem captada no espaço

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