Apaes da região passam por dificuldades financeiras

by Diário do Vale

Sul Fluminense – A dificuldade financeira que o governo do estado está atravessando tem repercutido de forma negativa nas Apaes (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) da região. O dinheiro repassado pelos cofres estaduais sempre foram uma das principais fontes de manutenção das associações. No entanto, a crise fez com que as verbas fossem canceladas e as Apaes correm riscos sérios de precarizar o atendimento ou até mesmo fechar as portas.

Funcionários sem receber

A falta de repasses estaduais, que era feito através da FIA (Fundação para Infância e Adolescência), tem deixado a Apae de Piraí em apuros. De acordo com Regina Aparecida Lobo de Carvalho, gerente administrativa da entidade, a verba da FIA corresponde a 50% das despesas e os outros 50% são oriundos de um convênio com a prefeitura.

– Com a ausência do repasse do governo, os funcionários estão sem receber desde setembro. Pois esta verba é usada para a folha de pagamento dos funcionários, como também para a despesa dos encargos sociais. A falta desse repasse tem nos causado bastante incerteza com relação ao nosso futuro, pois todos os 30 profissionais que atuam na entidade estão sem receber desde setembro – lamentou Regina.

Segundo Regina, apesar desta incerteza em relação ao recebimento do repasse do governo causar insatisfação e tristeza, a equipe continuou trabalhando, mas no momento todos estão de recesso só retornando no dia 09 de janeiro.

A gerente administrativa ressalta que o convênio com a prefeitura é o que está ajudando a instituição a continuar com seus atendimentos, pois é usada na manutenção do local, alimentação, merenda escolar e até no pagamento de alguns funcionários.

– A prefeitura tem cumprido com todas as suas obrigações e mantém o convênio, inclusive já foi pago tudo este ano com antecipação. Também temos a central de doações onde a população contribui com doações, girando em torno de R$ 9 mil e usado para pagar contas básicas como telefone e pequenas despesas. Acredito que se não fosse a ajuda da prefeitura já teríamos encerrado nossas atividades – conclui.

Apae-BM busca recuperação

Em atividade há 45 anos no em Barra Mansa, onde atualmente atende 212 pessoas, a Apae de Barra Mansa tem buscado novos parceiros e convênios para tentar se manter em funcionamento, sem a dependência do repasse do governo estadual.

De acordo com Guilherme Ribeiro Fonseca, atual presidente da instituição, a Apae de Barra Mansa está em uma situação difícil, mas já esteve bem pior.

– Por conta do encerramento de um importante convênio com a prefeitura de Barra Mansa, ocorrido em agosto de 2013, já apresentávamos dificuldades financeiras bem antes das demais Apaes da região. Como era o convênio mais importante que tínhamos, passamos por um momento de crise muito forte após 2013 e que se estendeu até o primeiro semestre de 2016, acumulando uma dívida bem alta – explica.

O que proporcionou uma melhora na situação crítica da instituição, segundo Guilherme, foi a renovação do convênio com a FIA em maio deste ano, mas infelizmente a Apae só recebeu o equivalente a 10 dias de maio e o repasse de junho. De acordo com o presidente, há informações de que o convênio deverá ser suspenso em janeiro para as demais instituições.

– Apesar das dificuldades, a Apae de Barra Mansa está mantendo o seu atendimento através da ajuda da população graças a realização de eventos e do telemarketing. Também temos outros convênios com o SUS (Sistema Único de Saúde) e Escola Legal, com verba do governo Federal e municipal. Através dos eventos temos parcerias com a ACIAP (Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de Barra Mansa), Sicomércio (Sindicato do Comércio Varejista de Barra Mansa) e OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Barra Mansa, e que tem nos mantido sadio num período em que não podemos contar com a ajuda do governo do estado – diz aliviado.

Guilherme esclarece que apesar de ainda ter uma parte dos salários atrasados, a instituição continua mantendo as suas atividades normalmente.

– Estamos entrando em um novo ano já sabendo das dificuldades, mas acredito que mesmo não havendo melhoras estou confiante que consigamos manter uma estabilidade em nossas ações – conclui.

Sem repasse: Apae de Barra Mansa tem buscado novos parceiros e convênios para tentar se manter em funcionamento (Foto: Paulo Dimas)

Sem repasse: Apae de Barra Mansa tem buscado novos parceiros e convênios para tentar se manter em funcionamento (Foto: Paulo Dimas)

 

Apae Pinheiral depende da prefeitura

Como as demais Apaes da região, a instituição de Pinheiral que já atua há 28 anos no município, também está passando por dificuldades financeiras.

De acordo com o presidente Aurelino Gama, a Apae Pinheiral está desde fevereiro sem receber a verba estadual(FIA), e que corresponde a 15% da folha de pagamento, sendo utilizada para pagamento dos funcionários que fazem atendimento domiciliar.

– Devido a interrupção do repasse estadual tivemos que utilizar uma parte da verba da prefeitura para pagar os funcionários que dependem da FIA, mas eles ainda estão sem receber a metade do 13º e as férias, totalizando um montante de R$ 95 mil. Ainda estamos usando a verba da prefeitura para a despesa com manutenção e pagamento dos demais funcionários – afirma.

Segundo Aurelino, para aumentar a arrecadação, a Apae de Pinheiral costuma realizar eventos como bingos e almoços beneficentes, como também possui uma cota de sócios com cerca de 300 contribuintes e que não chega a 1% da arrecadação. Já o convênio da prefeitura corresponde praticamente a 85% de toda arrecadação da instituição.

– A Apae também recebe doações de empresas privadas como também de entidades como a Academia de Saúde da terceira idade, do Rotary Club e Maçonaria, onde todas doam alimentos. Apesar das dificuldades que passamos, ainda dá para nos mantermos e continuarmos o nosso trabalho junto aos 119 assistidos, só com a ajuda da prefeitura e os nossos parceiros enquanto o repasse do governo não chega – explica.

Nova diretoria assume em Volta Redonda em busca de parceiros

O principal desafio da nova Diretoria da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae-VR) para o próximo biênio é manter a instituição aberta e funcionando. A entidade passa por uma crise financeira grave, podendo fechar as portas e deixar de atender a mais de 350 famílias. A instituição tem 60 anos e tem sido referência para o acompanhamento de portadores de deficiência intelectual em Volta Redonda. A sede fica no bairro Sessenta.

Mário Vitor Lopes Neto, empresário de 56 anos, assumiu a presidência da entidade no dia 2 de janeiro, mas vem trabalhando como voluntário para buscar melhorias para a instituição bem antes. Ele conseguiu parcerias com a iniciativa privada e também com profissionais autônomos para buscar uma saída para manter a Apae-VR funcionando. Entre os trabalhos que já foram realizados, está a revitalização do imóvel e das dependências da entidade, como capina dos jardins e pequenos reparos de equipamentos, mas, segundo ele, o desafio é muito maior.

“Temos uma folha de pagamento que precisa ser paga, porque trabalhamos com uma equipe multidisciplinar para que os nossos assistidos possam receber o melhor acompanhamento e tratamento. Além disso, precisamos de coisas básicas também para manter a instituição funcionando, desde material de escritório à alimentação”, comentou.

De acordo com Mário Vitor, que tem vasta experiência em gestão como empresário e quer usar esse perfil e conhecimento para ajudar a Associação, algumas empresas já abraçaram a causa e estão contribuindo como podem para que os trabalhos não parem. A expectativa é que, quando os assistidos retornem após as férias, a instituição já esteja de cara nova. “Estamos trabalhando sem descanso para oferecer um serviço de qualidade, que os surpreendam, mas precisamos de muito mais apoio. O trabalho aqui é muito bonito e muito importante para centenas de famílias, que dependem da Apae-VR, para ajudar na formação e acompanhamento de seus filhos. Espero conseguir não só equilibrar as contas, mas como torná-la produtiva, incentivando o empreendedorismo nessas famílias e tornar a Apae-VR autossustentável”, explicou o novo presidente.

Mário Vitor disse ainda que já tem muitos projetos que para serem colocados em prática dependem de parceria com o setor privado e também como público. “Temos projetos prontos e outras ideias surgindo, mas para que eles saiam do papel, precisamos muito da ajuda de pessoas físicas, profissionais liberais, empresas e dos governos. A entidade não tem fins lucrativos e se fechar será uma perda muito grande para a cidade. Temos a certeza que isso não vai acontecer, porque desde a minha decisão de ajudar e me tornar presidente, já temos tido bastante adesão de pessoas comprometidas com a causa e só tenho a agradecer”, acrescentou. Para saber mais sobre a Apae-VR acesse www.voltaredonda.apaebrasil.org.br.

 

Em ação: Mário Vitor Lopes Neto assumiu a presidência da Apae-VR no dia 2 de janeiro (Foto: Divulgação)

Em ação: Mário Vitor Lopes Neto assumiu a presidência da Apae-VR no dia 2 de janeiro (Foto: Divulgação)

 

Por Júlio Amaral

(Especial para o DIÁRIO DO VALE)

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6 comments

alexandre peter 10 de janeiro de 2017, 11:41h - 11:41

tentei falar na pagina do prefeito samuca de vr a respeito de uma saida para a ape de vr nao tive a atençao devida entao deixo aqui meu contato e se a apae se entereçar pode entrar em contato direto comigo,

alexandre peter 24 998817993

Rogério 7 de janeiro de 2017, 23:53h - 23:53

As APAES precisam parar de depender dá FIA, que sempre deixou de cumprir com o seu compromisso. Só fazem exigências. Façam um movimento de Não à FIA. Mas é preciso que todas digam não.

Al Fatah 7 de janeiro de 2017, 18:21h - 18:21

TODAS as instituições filantrópicas do Brasil inteiro estão passando por dificuldades, pois elas vêem a procura e as despesas aumentarem exatamente nos momentos em que o dinheiro em caixa é menor, nas crises… Será que todas as famílias atendidas são tão pobres que ninguém pode pagar um valor de contribuição mensal, ainda que simbólico?… Fico imaginando se a APAE funcionasse como uma igreja evangélica, se o estado de penúria seria assim tão grave…

Leitora 7 de janeiro de 2017, 20:05h - 20:05

Apoiado , concordo.

Ancião 7 de janeiro de 2017, 17:33h - 17:33

Fazer uma lojinha na frente vendendo artesanatos, guloseimas, objetos provenientes de doações…

Come quieto 7 de janeiro de 2017, 17:32h - 17:32

Belo trabalho.
A APAE de Volta Redonda poderia vender coisas para ajudar se manter…
vender paes ,bolos, artesanatos,enfim.
O ponto é ótimo, fariam um bazar na frente…
Com diversos produtos ,tipo uma casa do artesão.
Paralelamente poderiam pedir doações para rifas e eventos, como bingos, almoços, festivais de pizza frita…
Pedir doações aos empresários para deduzir do imposto de renda.

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