Queda no mercado editorial afeta livrarias da região

by Diário do Vale

Na região, queda nas vendas representou de 20% a 22%, segundo empresários do ramo.
(Foto: Roze Martins)

Sul Fluminense – Recentemente, o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, por meio de um levantamento, apontou que as vendas de livros no Brasil caíram 18% na comparação entre o primeiro bimestre de 2018 e 2019. Embora esses sejam dados nacionais, eles vão encontro da realidade das livrarias da região, onde segundo empresários do setor a procura pelos livros teve uma queda ainda maior, chegando até 22% neste período.

É o que afirma o comerciante José Figorelli, dono de uma livraria que funciona em um shopping de Barra Mansa, há oito anos. De acordo com ele o que se observa é a que queda nas vendas de livros vem se agravando, a cada ano.
– É uma situação muito triste, mas que infelizmente tende a piorar, por diversos fatores. Hoje, além da questão da venda pela internet, dos livros em PDF, a crise nesse mercado afeta não só as livrarias, como também a editoras que ficam sem receber e acabam não fazendo lançamentos. Um exemplo disso são as livraria da Saraiva, que já fechou cerca de 200 em todo o Brasil e a livraria Cultura, que pelo o que eu acompanho decretou falência. Tem virado uma bola de neve – opinou Figorelli.

Clientes fiéis

Segundo ele, embora sua clientela mais frequente pertença a classe média, a livraria recebe pessoas de todas as classes sociais, uma vez que possui títulos que variam de R$ 10 a R$ 200 reais. Para o comerciante, hoje o que ainda mantém sua livraria são as pessoas que entendem a necessidade e a importância desse tipo de comércio e que, dessa forma acabam contribuindo para que o espaço se mantenha no mercado.

– Apesar de toda essa crise, temos o privilégio de ter clientes que, mesmo com a opção de comprar um livro mais barato pela internet, ainda priorizam a livraria por considerarem a importância do espaço. São clientes fixos, que têm o costume de comprar até dois exemplares por mês, e que se mobilizam sempre que estamos passando por alguma dificuldade. Isso é o que nos dá forçar para continuar – enfatizou o comerciante.

A comerciante Solange Whehaibe, que há 37 anos mantém uma livraria em Volta Redonda, é outra que também sentiu o reflexo da queda na venda dos livros, neste primeiro bimestre do ano. Segundo ela, a procura despencou em cerca de 20%, se comparada ao mesmo período de 2018. Para Solange, atualmente o que mais influencia a baixa procura pelos títulos, nas livrarias, são as vendas pela internet, onde o consumidor consegue um desconto maior.

– Essa situação da queda na venda dos livros a gente vem sentindo, já algum tempo, devido ao crescimento da internet. Posso afirmar que está ruim para todos nesse setor e a nossa grande luta vai ser conseguir a aprovação da Lei, que já está na Casa Civil, que regulariza e fixa o preço dos livros tanto para internet, quanto para as livrarias. Essa luta, atualmente, tem o apoio não só dos livreiros, como também das editoras, que também estão sendo prejudicadas com essa crise – ressaltou a comerciante.

Dificuldade para comprar livros

Formada em letras, a professora Priscila Rocha de Almeida, faz parte do grupo de leitores que não abrem mão de comprar um exemplar, em uma livraria. No entanto, ela reconhece a dificuldade enfrentando por algumas pessoas, devido ao alto custo de alguns títulos. Segundo ela, embora esteja sempre indicando autores e opções de leitura para seus alunos, em sua maioria adolescente, o retorno de quem fez o investimento nos títulos é sempre muito pequeno.

– Eu trabalho e ainda tenho condições de ir a uma livraria, escolher e comprar um livro. Mas, crianças e adolescentes dependem dos pais ou algum responsável para adquirir um exemplar e nem sempre essas pessoas têm condições para isso, porque precisam priorizar outras coisas. O mesmo acontece com pais de família, que talvez até seja apaixonado pela leitura, mas que não consegue investir na compra de um livro porque tem que arcar com as despesas de casa. No Brasil, infelizmente, a venda de livros é limitada não só pela falta de hábito com a leitura, mas também pelas condições financeiras da população – observou a professora.

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4 comments

TRISTE CONSTATAÇÃO 24 de abril de 2019, 01:21h - 01:21

Eu já enfrento outro tipo de problema. Não encontro nenhum livro que preciso, em nenhuma livraria da cidade. Os últimos 08 (oito) títulos que procurei, nenhuma delas tinham. Será que o problema não está na administração dessas livrarias?

Laranjito 23 de abril de 2019, 21:11h - 21:11

Isso é fruto dos pensadores neófitos !!!!

Oswaldo 23 de abril de 2019, 20:57h - 20:57

Aí a Dona Solange apela para o estatismo para forçar as livrarias a praticar um preço maior do que o necessário, com o pretexto de salvar as livrarias.
E não sabe porque a internet está ganhando de lavada.
Que tal reduzir o custo fixo, melhorar o atendimento e colocar livros interessantes na prateleira, e esquecçam um pouco da Kéfera, do Felipe Netto e do George R. R. Martin?
Compro livros pela internet, tenho um Kindle mas sempre que vou ao Rio passo horas nos sebos comprando livros antigos.
E os sebos vão bem, obrigado.

guto 23 de abril de 2019, 18:43h - 18:43

O presidente Lula disse que “preferia fazer uma hora de esteira do que ler uma página de um livro!”…
A estupidez humana é infinita!

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