A busca da Paz em Israel e na Palestina

Brasil no Conselho de Segurança da ONU

by Vivian Costa e Silva

Nos últimos anos, a tensão persistente entre Israel e Palestina tem capturado a atenção global, gerando preocupações sobre a paz e estabilidade na região. Nesse contexto, o Brasil, como presidente temporário do Conselho de Segurança da ONU, desempenha um papel vital na promoção do diálogo, na busca por soluções pacíficas e na defesa dos direitos humanos.

O conflito entre Israel e Palestina remonta a décadas e envolve disputas territoriais, religiosas e culturais. As contínuas hostilidades resultaram em perdas humanas, deslocamentos em massa e uma série de desafios humanitários. A complexidade do conflito exige uma resposta global e coordenada e envolve não só questões históricas, territoriais, como religiosas, culturais e políticas com diversos motivos que contribuem para o conflito

Ambos os grupos reivindicam a mesma região, especialmente Jerusalém, como parte de sua herança histórica e religiosa. A questão da terra é uma fonte significativa de conflito pois tanto judeus quanto palestinos têm movimentos nacionais que buscam autodeterminação e um estado independente em parte do território disputado.

A maioria dos palestinos busca o estabelecimento de um estado independente e soberano nos territórios palestinos ocupados por Israel, incluindo a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental, com Jerusalém como sua capital. Os palestinos exigem o fim da ocupação israelense dos territórios palestinos, que inclui a retirada das forças militares israelenses e o fim da construção de assentamentos judaicos nos territórios ocupados.

Disputas sobre lugares religiosos, como o Monte do Templo para muçulmanos e o Muro das Lamentações para judeus, contribuem para a tensão. O conflito levou ao deslocamento de centenas de milhares de palestinos durante a guerra de 1948 e seus descendentes, muitos dos quais ainda vivem como refugiados em países vizinhos.

A construção de assentamentos judaicos em territórios palestinos ocupados é uma fonte contínua de controvérsia e conflito.

O ataque do Hamas a Israel

O Hamas é um grupo político e militar palestino que exerce controle na Faixa de Gaza, um território palestino situado na costa leste do Mar Mediterrâneo, fazendo fronteira com Israel e o Egito. O nome “Hamas” é uma sigla em árabe que significa “Movimento de Resistência Islâmica” (Ḥarakat al-Muqāwamah al-Islāmiyyah).

O grupo foi fundado em 1987 durante a Primeira Intifada, uma série de protestos palestinos contra a ocupação israelense nos territórios palestinos. O Hamas foi inicialmente estabelecido como uma ala militar do grupo palestino dos Muçulmanos, mas posteriormente evoluiu para uma entidade política com uma ala militar, conhecida como Brigadas Al-Qassam. O Hamas é designado como uma organização terrorista por vários países, incluindo Estados Unidos, Canadá, União Europeia e Israel, bem como por outras organizações internacionais. O grupo é acusado de realizar ataques terroristas, incluindo lançamentos de foguetes contra cidades israelenses e ataques suicidas, e tem sido responsabilizado por ataques a civis.

Os ataques terroristas covardes do Hamas e operações militares israelenses em resposta a esses ataques contribuem para um ciclo de violência e retaliação e a falta de confiança entre as partes e a recusa em reconhecer mutuamente os direitos e a legitimidade do outro lado têm dificultado as negociações de paz.

É importante notar que o conflito é altamente sensível e é visto de diferentes maneiras por diferentes pessoas. Solucionar esse conflito complexo requer um esforço significativo de ambas as partes, bem como a mediação e o apoio da comunidade internacional.

Declaração Balfour

A Declaração de Balfour é o documento no qual o governo da Grã-Bretanha espaldava pela primeira vez o estabelecimento de um lar nacional para o povo judeu na Palestina.

O mesmo documento simboliza a pedra fundamental de Israel como Estado para os judeus e, ao mesmo tempo, uma “grande traição” na visão dos palestinos.

No Reino Unido, Arthur Balfour mal aparece nos livros escolares, mas muitos alunos israelenses e palestinos sabem o que dizer sobre ele.

Então ministro britânico das Relações Exteriores, Arthur Balfour assinou em 2 de novembro de 1917 a carta – entendida como o ponto inicial do conflito árabe-israelense. Nos territórios palestinos e em Israel, a carta é ensinada nas aulas de História e é vista como um capítulo chave em suas narrativas nacionais, que são bem diferentes.

A declaração do então ministro britânico de Relações Exteriores foi enviada a Walter Rothschild, um dos principais proponentes do Sionismo, movimento que defende a autodeterminação do povo judeu em sua “terra histórica” – que vai do Mediterrâneo até o lado oriental do Rio Jordão, uma área que passou a ser conhecida como Palestina.

Ela diz que o governo britânico apoia “o estabelecimento de um lar nacional para o povo judeu na Palestina”.

Ao mesmo tempo, a carta diz que nada deveria “prejudicar os direitos civis e religiosos de comunidades não-judias que já estavam ali”.

Os palestinos veem isso como uma grande traição, especialmente levando em conta uma promessa feita separadamente para garantir o apoio político e militar dos árabes – então sob jugo dos turcos otomanos – na Primeira Guerra Mundial.

Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral da ONU adotou a resolução 181, através da qual aprovou o plano de divisão da Palestina, que estipulava a criação de um Estado árabe e outro judeu até no máximo 1º de outubro de 1948.

Só que os países árabes se negaram a assinar o plano da ONU e a tensão na região escalou, culminando com a Guerra Árabe-Israelense, que obrigou centenas de milhares de palestinos a fugir do recém-criado Estado de Israel.

O papel do Brasil na ONU na história da criação do estado de Israel

 O Brasil teve um papel importante na votação pela criação do Estado de Israel na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1947. Nessa votação histórica, o Brasil apoiou a Partilha da Palestina, que propôs dividir o território da Palestina em dois estados independentes, um judeu e um árabe, com Jerusalém como um enclave internacional.

A votação de 29 de novembro de 1947, quando a Resolução 181 da ONU foi aprovada. O Brasil foi um dos países que votou a favor da partilha, juntamente com uma maioria de nações, incluindo os Estados Unidos e a União Soviética.

O apoio do Brasil à criação do Estado de Israel foi um marco importante na história da diplomacia brasileira e nas relações entre o Brasil e Israel. Desde então, os dois países mantiveram relações diplomáticas, colaborando em várias áreas, incluindo comércio, ciência, tecnologia e cultura. O voto do Brasil em favor da criação de Israel refletiu seu apoio ao direito à autodeterminação e à independência de povos, uma posição que continuou a ser parte da política externa brasileira ao longo dos anos.

 

História Bíblica de Israel

A visão bíblica sobre a região de Israel e Palestina tem profundas raízes históricas e religiosas para judeus, cristãos e muçulmanos. A Bíblia é uma coleção sagrada de textos para essas religiões, e várias passagens fornecem contexto para a ligação espiritual e histórica com a terra em questão:

 Para os Judeus:

Na tradição judaica, Deus prometeu a Abraão e seus descendentes a terra de Canaã como uma herança eterna (Gênesis 17:8).

Para os Cristãos:

Jerusalém é central na fé cristã devido aos eventos significativos na vida de Jesus, incluindo sua crucificação e ressurreição. Os cristãos veem a Terra Santa, incluindo Israel e Palestina, como uma área sagrada.

Para os Muçulmanos:

O Al-Aqsa Mosque  (Mesquita) em Jerusalém é o terceiro local mais sagrado no Islã, e os muçulmanos acreditam que o profeta Moamé foi levado de Meca a Jerusalém em sua jornada noturna (Isra e Mi’raj).

 

Dentro de cada fé, há uma variedade de interpretações sobre o significado e a importância específica da região, e essas interpretações podem variar amplamente entre diferentes grupos e denominações.

Várias passagens bíblicas, como as profecias de Isaías sobre paz entre nações, são frequentemente citadas em apelos por paz e reconciliação na região (Isaías 2:4).

O uso e interpretação da Bíblia na política e no conflito levam a divergências significativas de opinião sobre os direitos territoriais e o status de Jerusalém.

É importante notar que as interpretações da Bíblia variam amplamente, mesmo dentro de uma única religião. Algumas pessoas veem a Bíblia como uma base para o apoio à presença judaica em Israel, enquanto outras a interpretam como uma chamada à justiça e à paz para todos na região. O entendimento religioso é uma parte do contexto complexo do conflito, mas não pode ser visto como uma solução única ou definitiva para os desafios enfrentados na região.

A região de Jerusalém tem uma rica história bíblica que remonta a milhares de anos. Para entender o contexto bíblico da divisão entre árabes e judeus na região, é útil explorar algumas passagens e eventos significativos do Antigo Testamento:

 

  1. Rei Davi e a Construção do Templo:

2 Samuel 5-7; 1 Reis 6.

O Rei Davi conquistou Jerusalém e a tornou a capital do reino unificado de Israel. Seu filho, o Rei Salomão, construiu o Primeiro Templo em Jerusalém.

 

  1. O Primeiro Templo e a Divisão do Reino:

1 Reis 11-12.

Após a morte de Salomão, o reino foi dividido em Israel (ao norte) e Judá (ao sul). Jerusalém continuou a ser a capital do Reino de Judá.

 

  1. O Exílio Babilônico e o Retorno a Jerusalém:

2 Crônicas 36; Livro de Esdras; Livro de Neemias.

O Primeiro Templo foi destruído pelos babilônios em 586 a.C., e muitos judeus foram levados para o exílio na Babilônia. Após o retorno dos exilados, Jerusalém foi reconstruída, e o Segundo Templo foi erguido.

 

  1. O Período Intertestamentário:

Entre o Antigo e o Novo Testamento, a região de Jerusalém foi governada por impérios sucessivos, incluindo o Império Persa, o Império Grego e o Império Romano.

 

  1. A Destruição do Segundo Templo e a Diáspora:

Mateus 24; Lucas 21.

O Segundo Templo foi destruído pelos romanos em 70 d.C. Isso levou a uma dispersão judaica (Diáspora) em várias partes do mundo.

 

  1. Jerusalém na Era Moderna:

Após a Diáspora, Jerusalém passou por governos islâmicos, cruzadas cristãs e impérios otomanos. No século XX, tornou-se o epicentro do conflito israelo-palestino.

Esses eventos bíblicos formam parte da história da região de Jerusalém e são fundamentais para entender a complexidade das reivindicações culturais, religiosas e políticas na área, especialmente no contexto contemporâneo do conflito entre árabes e judeus.

 

 

Por Silas Avila Jr

Correspondente do Diário do Vale na ONU em Nova Iorque

 

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