Diário Pet: Doença transmitida por gatos tem avançado

by Agatha Amorim

Doença transmitida por gatos tem avançado para humanos

Confesso que não sou adepto de más notícias. Afinal, o mundo já está cheio delas, mas hoje sou obrigado a trazer um alerta para vocês, meus leitores, principalmente para aqueles que tem gatos.

Segundo o infectologista Flávio Telles, coordenador do Comitê de Micologia da Sociedade Brasileira de Infectologia, uma doença transmitida pelos felinos, chamada esporotricose, tem se espalhado não só aqui no Brasil, mas em vários países da América do Sul.  A esporotricose é uma micose que provoca lesões na pele e é causada pelo fungo Sporothrix brasiliensis.

Além do Brasil, foram registrados casos da doença na Argentina, no Paraguai, no Uruguai e no Chile.

O Ministério da Saúde tem se referido à doença como “um grave problema de saúde pública”. Nem todos os estados fazem a notificação da doença e alguns registram somente a esporotricose humana, como Minas Gerais, que teve 524 casos da doença em 2022 e 517 neste ano.

Na Paraíba, foram 237 ocorrências em 2022 e 431 em 2023; no Rio, 1.517 em 2022 e 760 em 2023; na Bahia, 402 casos de esporotricose humana e 930 da felina em 2022, além de 492 da humana e 770 da felina neste ano.

No Paraná, foram registrados 181 casos em seres humanos e 1.061 em animais no ano passado, enquanto em 2023 foram 434 pessoas e 2.453 animais. O estado é um dos poucos que fornece medicação para cães, gatos e seres humanos.

Em São Paulo, entre janeiro e setembro de 2023, foram registrados 2.459 cães e gatos com esporotricose. Deles, 271 morreram. No mesmo período em 2022, houve 1.753 animais infectados e 427 mortes. Em humanos, foram 405 casos até setembro deste ano e 388 em 2022.

Além do fungo Sporothrix brasiliensis, outro causador da doença é o Sporothrix schenckii, encontrado em plantas, palhas, fragmentos de vegetais e fibras, vitimando agricultores e demais trabalhadores rurais. “Atualmente, no Brasil, 90% [dos casos] é pelo brasiliensis, a transmissão felina. Cachorros e humanos não transmitem, só gatos”, reforçou Telles.

Segundo Telles, em 10 anos, houve aumento de 162% na taxa de contaminação no estado do Rio de Janeiro: 579 (2013) para 1.518 (2022), segundo o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação).

Os sintomas podem ser uma ferida que não cicatriza e aumenta de tamanho. Ou uma bolinha vermelha, que na sequência apresenta um pontinho de pus, tipo espinha, e a partir daí se forma uma úlcera que pode alargar de tamanho. Ou gânglios periféricos que seguem o caminho linfático.

 

Crianças e tratamento

O aumento dos casos em crianças mostra o descontrole do espalhamento da doença. O tratamento da esporotricose em crianças também é mais delicado, pois as doses das medicações variam com o peso e existem poucas opções no mercado para os pequenos.

Não é incomum que o primeiro diagnóstico seja de infecção bacteriana. A confirmação é feita apenas por exame micológico.

O tratamento consiste em medicação antifúngica via oral por no mínimo 3 meses, mas o uso pode se estender por mais de um ano —para obter sucesso, ele não pode ser abandonado.

Embora a esporotricose não seja considerada grave, não cuidar pode comprometer ainda mais o organismo, levando a óbito.

A melhor maneira de evitar a contaminação em meio à natureza é não ter contato direto com materiais orgânicos onde o fungo pode estar. Ou seja, se vai mexer com gravetos, palhas ou com terra, use luvas, roupas compridas e calçados, por exemplo.

Embora cães também possam apresentar a doença, ela está mais associada a gatos – e é dos felinos que os humanos podem pegar. Nos felinos, os sintomas mais comuns são feridas profundas na pele, geralmente com pus, que não cicatrizam e espirros frequentes.

Médicos veterinários dizem que esta é uma doença preocupante, principalmente por causa de gatos de rua, ou não, que acabam tendo o fungo. Às vezes, o tutor acha que é só uma ferida de briga quando o gato é semi-domiciliado ou tem acesso livre a rua, e pode passar a mão, mas o alerta é válido porque a esporotricose é uma doença profunda que causa muita dor.

Ainda que sejam transmissores da esporotricose para humanos, os bichos são tão vítimas quanto nós. Para que eles também não sejam contaminados, o melhor é cuidar para que não saiam de casa.

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