Rio de Janeiro – A relação entre gênero e empreendedorismo foi debatida durante o 1º Diálogo Nacional do Grupo de Engajamento Women 20 nesta segunda-feira (25), no Rio de Janeiro.
“O empreendedorismo feminino é uma das chaves mais poderosas para desbloquear o potencial econômico das mulheres, fortalecendo comunidades e impulsionando o crescimento global, e precisa de políticas públicas que o promovam, incluindo lentes de raça e etnia em sua concepção e implementação”, afirmou Maria Rita Spina, líder do Grupo de Trabalho Empreendedorismo do W20.
Sabine Zink, co-fundadora e CEO da SAS Brasil, dirige uma startup social que leva atendimento médico para cidades carentes. A SAS começou com a ajuda de voluntários e, mais de dez anos depois, hoje é um negócio sustentável.
Segundo Sabine, durante a pandemia, a instituição cresceu muito trabalhando com inovação, tecnologia e telessaúde, ao ponto de chamar a atenção de empresas privadas do setor de medicina. O que despertou o olhar da empreendedora e sua equipe para estudar organizações que eventualmente se tornam sócias de empresas. “Foi aí que pensamos: por que estamos sofrendo para buscar patrocínio e doações? Se a gente tem um modelo de negócios que pode gerar impacto social e receita ao mesmo tempo? Então, desde 2021, temos estruturado um sistema sem fins lucrativos aliado a um de negócios, que por sua vez traz receita para investir no social”, explicou.
Blended finance – o financiamento misto
Maria Rita Spina concorda que utilizar diferentes fontes de financiamento é o ideal para negócios chefiados por mulheres. Ela argumenta que o mercado financeiro trabalha com duas variáveis de risco retorno: o real e o percebido. Embora o risco real das mulheres seja menor, a percepção de risco é muito grande quando se trata de negócios liderados por mulheres. O que dificulta o acesso ao crédito para iniciar um empreendimento.
Uma das propostas do GT é que para promover o empoderamento econômico de mulheres de diferentes origens étnicas e raciais, é essencial a criação de políticas públicas que possam implementar estruturas financeiras inovadoras. Estas devem facilitar o acesso ao financiamento por meio de leis e políticas. E, assim, encorajar bancos, organizações públicas, privadas e multilaterais a estabelecer sistemas de garantias alternativos para permitir uma maior participação feminina.
Sobre o W20
O Women 20 vai promover ao todo cinco diálogos, um em cada região do país, abordando os temas prioritários de 2024: empreendedorismo, combate à violência contra as mulheres, economia do cuidado, justiça climática e mulheres em STEM (sigla em inglês para “Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática”).
O W20 é um dos grupos de engajamento independentes do G20 Social focado em promover a equidade de gênero e o empoderamento econômico das mulheres. Assim como todos os outros grupos de engajamento, tem como missão principal influenciar positivamente políticas e compromissos das lideranças dos países do G20.
Trazer a participação de atores não-governamentais nas atividades e nos processos decisórios do G20 é o papel do G20 Social. Entre os dias 15 e 17 de novembro, às vésperas da Cúpula de Líderes, deve acontecer a Cúpula Social para apresentar os trabalhos desenvolvidos ao longo de quase um ano pela sociedade. A intenção é apontar novos caminhos para a construção de políticas que reflitam valores como justiça social, econômica e ambiental e a luta pela redução de todo tipo de desigualdade.
Fonte: G20 Brasil