Os navios do espaço sideral

by Diário do Vale

No ano passado, como bem se recordam, o bilionário americano Elon Musk prometeu levar pessoas para Marte, daqui sete anos, em um enorme foguete. Um projétil em forma de bala, capaz de carregar 100 passageiros em cada viagem. Musk ainda precisa construir esse foguete gigante para que sua promessa seja levada a sério. Mesmo assim o ITS da Space X ainda está longe da tecnologia necessária para que possamos singrar os mares do espaço com a mesma tranquilidade com que cruzamos os mares da Terra.

Em seu discurso de apresentação do foguete, Musk disse: “Eu quero acordar de manhã e pensar que o futuro vai ser grande. E isso significa fazer parte de uma civilização que viaja pelo espaço. Temos que acreditar no futuro e pensar que o futuro vai ser melhor do que o passado. E não existe nada mais empolgante do que ir lá em cima e ficar entre as estrelas”. É um sonho antigo, mas que vai exigir um desenvolvimento extraordinário da tecnologia para ser realizado.

O maior problema com as viagens espaciais é que elas levam um longo tempo. Daqui a Marte são seis meses de viagem no foguete do Elon Musk. Os astronautas passam mais tempo na estação espacial internacional. Mas mal conseguem andar quando voltam para a Terra.

Uma nave interplanetária de passageiros precisa de um sistema de gravidade artificial. Coisa que o ITS não tem. Sem gravidade artificial as pessoas ficam enjoadas, com o nariz entupido e precisam fazer ginástica o tempo todo para não ficar com os músculos atrofiados. E vai ser uma viagem bem cansativa se o passageiro tiver que malhar o tempo todo daqui até Marte.

Um meio prático e econômico de criar uma “gravidade artificial” é colocar uma seção giratória no navio do espaço. Em forma de anel ou tambor essa estrutura giratória cria uma sensação de peso devido a força centrífuga da rotação. E evita todos os problemas associados com a ausência de gravidade.

Uma nave assim foi mostrada naquele filme da Jennifer Lawrence, “Passageiros”, que já está disponível em DVD. Outro desenho clássico é o da estação espacial em forma de roda do filme “2001: Uma odisseia no espaço”. Ou a nave em forma de mostrador de relógio do “Interestelar”. Uma estrutura assim precisa ser grande, com pelo menos 30 metros de diâmetro, para evitar os efeitos da força de Coriolis, que afeta o ouvido interno e deixa os tripulantes tontos e enjoados em naves com menos de 30 metros de diâmetro.

É difícil lançar uma estrutura tão grande aqui da superfície da Terra. O melhor seria construir a nave em seções e montá-la no espaço como um grande jogo de armar. Afinal, a Estação Espacial Internacional foi construída assim, com módulos pré-fabricados entre os anos de 1998 e 2012.

Além da falta de gravidade outro problema que compromete a vida no espaço é o tédio. Viajar pelo espaço é muito, muito chato. O sujeito passa semanas trancado dentro de uma lata e tudo o que vê, quando olha pela janela, são estrelas distantes. Existem paisagens fantásticas esperando pelo turista espacial em Saturno ou Marte, mas ele pode morrer de tédio antes de chegar lá. Daí que uma nave de passageiros interplanetária precisa ter tanta diversão quanto esses navios de cruzeiros que cortam os oceanos da Terra.

No filme “Passageiros” a Jennifer Lawrence tinha até uma piscina para nadar em sua nave interestelar. O problema é quando a gravidade acaba e ela quase morre afogada dentro de uma enorme bolha de água. Na vida real não existe esse problema. A rotação da estrutura, uma vez iniciada, não precisa de energia para ser mantida.

Tudo isso vai custar muito dinheiro. E o grande problema, como o senhor Musk já está descobrindo, não é a tecnologia. Ela pode ser desenvolvida. O problema é o custo bilionário do transatlântico espacial.

Tédio: Ginástica e diversão durante a viagem
Perigo: Jennifer Lawrence e a piscina espacial
Projeto: O transatlântico espacial do futuro
Conforto: Rotação produz gravidade artificial

Por Jorge Luiz Calife

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4 comments

Smilodon Tacinus - O Emir Cicutiano 13 de janeiro de 2018, 17:15h - 17:15

Com base na tecnologia atual e conhecimentos de navegação, só agora conseguimos construir embarcações confiáveis e seguras… Antigamente, singrar os mares era uma roleta russa, um risco de não retorno quase tão grande quanto ir combater numa guerra… Com a navegação espacial dá-se o mesmo agora. Estamos nos primórdios, os riscos serão sempre grandes na exploração do desconhecido…

Melanie 13 de janeiro de 2018, 00:58h - 00:58

Se são apenas 100 pessoas que poderam viajar ate marte oque aconteceram com o resto da humanidade na terra?

Smilodon Tacinus - O Emir Cicutiano 13 de janeiro de 2018, 17:17h - 17:17

Lembra de Adão e Eva, de Noé? Do casalzinho de coelhos?… A idéia não é salvar o indivíduo, mas sim a espécie!…

Anderson 12 de janeiro de 2018, 19:46h - 19:46

Adoro estas especulações sobre o futuro da exploração espacial tripulada. O Elon Musk tem ideias realmente ambiciosas para sua empresa. Quanto ao tempo das viagens, há alguns séculos viagens da Europa para locais distantes como América e Austrália também duravam meses e as pessoas aguentavam dentro de embarcações sujas e desconfortáveis. As pessoas do futuro próximo com todas as maravilhas da tecnologia também suportarão.

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