Criminosos ameaçam provedores de internet no Sul Fluminense

Sul Fluminense – A Super Nova Telecom registrou na 90ª Delegacia de Polícia (Barra Mansa), na tarde desta quarta-feira (10), um registro dando conta de que um dos veículos da empresa havia sido incendiado por criminosos no bairro Vila Ursulino pela manhã. Os colaboradores da prestadora de serviço, que estavam no local atendendo a um chamado, foram abordados por dois homens encapuzados. Munidos de armas e pedaços de pau, eles ameaçaram os funcionários.

“Nossa equipe foi até o final do bairro Vila Ursulino para fazer a instalação do nosso serviço na casa de um morador. Lá, foram rendidos por outros dois encapuzados, portando armas e pedaços de pau, que deram ordens para que os colaboradores entrassem no carro e se encaminhassem para uma rua deserta. Diante da situação, nossos colaboradores conseguiram fugir pulando muros das casas próximas, até encontrar um local seguro para se abrigar”, disse um representante da Super Nova.

Ainda segundo a empresa, os encapuzados teriam levado o veículo até o local onde ocorreu o incêndio. “Eles deixaram o carro em um cruzamento e atearam fogo. Além disso, os celulares e documentos dos nossos colaboradores foram levados por eles”, relatou.

 

Um problema antigo

Em janeiro deste ano, o DIÁRIO DO VALE publicou uma reportagem especial sobre como a internet estava se tornando a nova mercadoria ‘oferecida’ a moradores por organizações criminosas no Sul Fluminense. Além de Barra Mansa, moradores de Resende, Volta Redonda e Angra relataram à reportagem que sofriam pressão e ameaças para trocar de provedores.

No dia 24 daquele mês, agentes da 93ª Delegacia de Polícia prenderam em flagrante dois homens que foram pegos cortando fios e instalando, clandestinamente, internet no bairro Três Poços. Segundo a Polícia Civil, eles não estavam uniformizados e se identificaram como moradores do Rio de Janeiro, capital.

As investigações mostram que a dupla havia cortado os cabos de fibra ótica de outras operadores, permitindo apenas o funcionamento da rede que estavam instalando. O serviço era oferecido com autorização do tráfico local, impedindo que outras operadoras realizassem reparos ou novas instalações. Mas o problema é ainda mais antigo.

 

Incêndios no Sul Fluminense

Em setembro de 2021, por exemplo, agentes da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) fizeram uma operação para frear a distribuição de sinal clandestino de internet na Baixada Fluminense, especialmente nos locais dominados por milícias, onde funcionavam empresas que vendiam pacotes de sinal de internet sem autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Coincidência ou não, um mês antes, em agosto de 2021, dois carros de provedores regularizados de internet foram incendiados em Resende. Um deles, inclusive, foi roubado em Resende e incendiado em Penedo, Itatiaia. Na época, os funcionários das empresas disseram à Polícia terem sido abordados por homens armados que lhes disseram que não poderiam instalar o cabeamento de internet naquela região.

Na mesma semana, um carro de instalação de internet foi roubado em Porto Real e encontrado, incendiado, em uma estrada de terra em Floriano, distrito de Barra Mansa.  O funcionário abordado pelos criminosos disse à Polícia que, dias antes, havia recebido uma ligação exigindo uma quantia em dinheiro para que a empresa pudesse “operar tranquila em Resende”.

O DIÁRIO DO VALE entrou em contato com a 90ª DP para saber se as investigações já estão em curso e se alguma providência será tomada para reprimir a internet ‘clandestina’ oferecida por criminosos. Até o fechamento desta edição, porém, a delegacia não havia dado retorno.