VOLTA REDONDA: ‘ZONA DE SACRIFÍCIO!’

Por José Maria da Silva, o Zezinho do Movimento de Ética na Política (MEP-VR)

by Vivian Costa e Silva

O município de Volta Redonda, Rio de Janeiro, toma características de “zona de sacrifício” quando se justapõe os atores que compõem sua história.

Construída para servir à então estatal Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a cidade assumiu uma distribuição muito semelhante à divisão por castas. Seus bairros destinavam-se a serem ocupados pelos funcionários de acordo com a função desempenhada na usina. A distância da usina já dizia muito sobre as moradias – logicamente, uma distância limite marcava a periferia e uma distância pensada, “segura”, longe da fuligem e do vai e vem operário, estabelecia as casas da casta mais alta.

O fatiamento restante da cidade cumpriu os ritos modernos da especulação fundiária e dos acordos políticos, trazendo à cidade uma configuração ainda mais desigual e mal servida. A CSN ainda conta com terrenos e edificações que foram herdados da privatização, consagrados por contratos que atenderam somente aos interesses daqueles que pouco pensam na vida na cidade.

Hoje, quase 80 anos após a instalação da usina, Volta Redonda é um projeto clássico de exploração industrial. Uma verdadeira “zona de sacrifício”, nas palavras do Prof. Dr. Renato Ramos (UFRJ), na qual a cidade cumpre o papel de fonte de recursos humanos descartáveis, terrenos de grandes proporções se tornam depósito de rejeitos industriais, o ar e as águas do rio Paraíba do Sul cumprem papel de vazadouros tóxicos.

A CSN é insalubre, acidentes são recorrentes (incluindo fatais), emissões criminosas de fumaça recobrem a cidade e se espalham pela região. O pó que recai sobre todos é abundante e magnético, sem exageros. A população pouco sabe sobre os odores estranhos que remetem aos poluentes orgânicos voláteis e semi voláteis inerentes ao processo. Leucopenia e doenças respiratórias são abundantes.

A empresa conta com uma relação diferenciada dos agentes públicos, os Termos de Ajustamento de Conduta (TAC’s) parecem servir apenas para adiar as soluções. Uma pequena volta na cidade pleonástica trás à vista a incrível montanha de escória de aproximadamente 40 metros de altura (objeto de TAC) que afeta diretamente a vida dos moradores de ao menos 05 bairros e põe em risco a segurança hídrica do Estado, por estar às margens do rio Paraíba do Sul.

Exasperada, a sociedade civil organizada marcou para o dia 23 de julho nova manifestação contra os danos causados pela CSN e a responsabilização daqueles que a orientam.

Diante de tudo o que foi exposto, o MEP se coloca favorável à manifestação da sociedade civil do dia 23 de julho de 2023, bem como se coloca à disposição para um diálogo pró-ativo a fim de que haja correções nos rumos que a questão ambiental tem tomado no município.

 

 

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