Sul Fluminense- Promover técnicas que ajudem as mulheres a reagir diante de uma situação de violência física. Esse é o principal objetivo de iniciativas de defesa pessoal que são oferecidas em municípios da região. Angra dos Reis, Barra Mansa e Volta Redonda têm projetos que incentivam o empoderamento feminino através de aulas que ajudam mulheres a se defender de chutes, estrangulamentos, beijos forçados, entre outras situações.
Não só para prevenir e evitar situações de violência, o esporte também consegue transformar vidas. Neste caso, o jiu-jitsu mudou a vida de Eloah Maria de Paiva, de 19 anos, moradora do bairro Colônia Santo Antônio, em Barra Mansa. De acordo com a atleta, que pratica o esporte há três anos e cinco meses, o jiu-jitsu ensina como se defender do mundo.
– Com 15 anos eu entrei em depressão, então tentei tirar minha vida várias vezes e eu era uma criança muito estourada, o que faziam comigo eu já partia para cima, era muito brigona pelas coisas que aconteciam comigo. Fui conhecer o Jiu-jitsu através de um amigo que me apresentou o esporte. Ele é uma autodefesa muito boa para mulheres que sofrem de abuso. Ele é feito tanto para se defender quanto para ocupar a mente e desestressar, como aconteceu comigo. Mudou muito minha vida – declarou Eloah.
Com o jiu-jitsu, Eloah participou de competições em Resende, Porto Real, Paraíba do Sul e Volta Redonda, recebendo medalhas de ouro e um cinturão de campeã do Sul do Estado do Rio de Janeiro, que conquistou em junho deste ano, no VR Challenge, em Volta Redonda.
– Pretendo ajudar muitas crianças para que elas não passem pelo que eu passei, há anos atrás. Creio que muitas mulheres estão precisando de uma motivação e um incentivo para serem empoderadas. Que projetos como estes possam dar a força necessária para que possam sobreviver às lutas do dia-a-dia – relatou.
Eloah faz parte do projeto “Lutamos Com Você: Jiu-jitsu Church”, no bairro Colônia Santo Antônio, em Barra Mansa.
Mais projetos
O projeto “Eu me amo, Eu me projeto”, em Volta Redonda, promove técnicas de prevenção e enfrentamento à violência contra meninas e mulheres. As aulas gratuitas foram retomadas em março deste ano para ajudar mulheres a saírem de agressões, abordagens de estupros e a procurarem ajuda.
O projeto – desenvolvido pela prefeitura – também dá dicas de seguranças e acompanhamento psicológico, no caso de mulheres que sofrem ou sofreram agressões. As aulas acontecem nas terças-feiras e quintas-feiras, às 7h e às 19h, no ginásio do bairro Retiro, onde as inscrições podem ser feitas.
De acordo com Luciana Lima, de 37 anos, uma das professoras com prática do Taekwondo, a ideia não é formar atletas nem incentivar confrontos.
– Nós ensinamos técnicas para sair de agressões mais comuns, como puxadas de cabelo, tentativa de estupro, diferentes formas de estrangulamentos, entre outros. Fui convidada por ser professora atuante e por ter conhecimento de arte marcial. Acabei me apaixonando pelo projeto e abracei a causa. O projeto tem um poder incrível de mudar o pensamento e as atitudes, é transformador – explicou Luciana.
Volta Redonda também oferece o projeto “Esporte e Cidadania para Todos” que ensina técnicas de artes marciais para crianças e adolescentes como forma de lazer. As aulas acontecem nas terças-feiras e quintas-feiras, às 9h e às 14h, na quadra poliesportiva, no bairro Açude 2.
Para a professora que participa do projeto, Sabrina Pereira dos Santos, de 26 anos, a defesa pessoal para mulheres é importante.
– A defesa pessoal é muito importante, principalmente no mundo em que vivemos hoje, cercadas pelo medo no dia-a-dia. Sou praticamente da arte marcial Judô há 11 anos e sempre incentivo que mulheres pratiquem pelo menos uma arte marcial para que possam se defender. Acho que isso deveria ser mais incentivado e que possamos nos unir em prol a isso – disse Sabrina.
Perla Moura, confederada faixa preta de kickboxing e que atua há 15 anos na área da luta, esteve em projetos que promovem a defesa pessoal feminina.
– Já participei de um projeto na extinta Cruz Vermelha chamado “Amorfos”, que era voltado para defesa pessoal, somente com mulheres, junto com o mestre Fabiano Lee. Em 2017, ingressei na SMEL e recebi o convite para trabalhar no projeto “Eu me amo, Eu sei me Defender”, de Volta Redonda, criado pela Érica Paes. Sigo com trabalhos em relação às mulheres, à modalidade kickboxing e a defesa pessoal, porém acho que deveria ter mais divulgação sobre esses eventos e projetos – comentou Perla.
Outro
Em Angra dos Reis, o projeto “Empoderadas”, criado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro e apoiado por Érica Paes, ex-lutadora de MMA e campeã mundial de jiu-jitsu, está oferecendo aulas gratuitas que promovem técnicas de prevenção e enfrentamento à violência contra meninas e mulheres. Mulheres acima de 13 anos podem participar das aulas nos Cras dos bairros Campo Belo e Belém.
Por Miguel da Silveira
1 comment
Precisa é pensar leis que realmente funcionem, que prendam agressores e os mantenham presos . Precisa EDUCAR as crianças, para crescerem adultos melhores . Precisa incentivar o RESPEITO, ( inclusive por parte das mulheres também ), de todos e todas para se promover uma sociedade melhor .
Nunca vi combater violência com esse tipo de coisa… Normalmente o agressor tem a seu favor fatores surpresa, que a vítima não conta, não espera . Além disso, costumam ainda se valer de armas… isso quando não conta com mais alguém na retaguarda .
É um risco se valer disso para tentar ” se defender “…
NÃO SE COMBATE VIOLÊNCIA FAZENDO USO DELA . E outra, arte-marcial é ESPORTE !
Fica a dica .
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